MUJERES EN LA MINERIA DEL BRASIL EN EL SIGLO XVIII

Fecha: 18 Feb 2021


Junia Ferreira Furtado

Universidade Federal de Minas Gerais

Universidade Federal de São Paulo, Brasil

juniaff@gmail.com

Resumen Portugués.  Esse artigo discute a presença  das  mulheres  escravas  na mineração  aurífera  e  diamantífera,  na  capitania  de  Minas  Gerais, Brasil, durante o período colonial, entre a década de 1680, quando se dá a descoberta de ouro na  região,  e  1822,  ano  da  independência  do Brasil. Para tanto, utiliza documentação manuscrita e iconográfica dos séculos XVIII e XIX. 

Resumen Inglés.  This article highlights the important presence of slave women in the golden and diamond mining in the captaincy of Minas Gerais, Brazil, between the 1680s, when gold was discovered in the region, and 1822, when Brazil’s became independent. To do so, it uses primary document sources and iconographic documentation from the 18th and 19th centuries.

Resumen Español.  Este artículo examina la presencia de mujeres esclavas en la extracción de oro y diamantes en la capitanía de Minas Gerais, Brasil, entre la década de 1680, cuando se descubrió oro en la región, y 1822, año de la independencia de Brasil. Utiliza documentación manuscrita e iconográfica de los siglos XVIII y XIX.

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Portuguese - Figura 8

Carlos Julião retrata as diversas operações ligadas à exploração de um furo, um tipo de mineração  subterrânea, que penetra pela montanha, seguindo o veio de ouro ou de diamantes, também chamada mina de galeria. Muito instável, a entrada do furo é escorada em madeira. Alguns escravos quebram e outros moem pedras. Em meio à cena, um deles se abaixa para encher com elas um caixão de ferro, instrumento que pode ser visto na parte inferior da Figura 3, que servia para carregar pedras maiores e mais pesadas. A partir dele, uma fila de escravos com seus carumbés transporta os sedimentos menores para serem lavados. À esquerda da cena, o autor reproduz, em tamanho menor, a mesma imagem de escravos quebrando pedras que aparece na Figura 4. À distância, debaixo de uniformes muito parecidos, é impossível distinguir o sexo desses escravos, o que não se observa quando a mesma cena é desenhada em tamanho maior, o que permite detalhar suas saias.

Español – Figura 8

Carlos Julião retrata las diversas operaciones que conlleva la explotación de un pozo, un tipo de explotación minera subterránea que penetra en la montaña, siguiendo la veta de oro o diamantes, también llamada mina de galería. Muy inestable, la entrada del pozo está apuntalada con madera. Algunos esclavos rompen y otros muelen piedras. En medio de la escena, uno de ellos se agacha para llenar con ellas un cajón de hierro, instrumento que puede verse en la parte inferior de la figura 3, que se utilizaba para transportar piedras más grandes y pesadas. Desde allí, una fila de esclavos con sus carumbés transporta los sedimentos más pequeños para lavarlos. A la izquierda de la escena, el autor reproduce, en un tamaño más pequeño, la misma imagen de esclavos rompiendo piedras que aparece en otro cuadro (Figura 4). Desde la distancia, bajo uniformes muy similares, es imposible distinguir el sexo de estos esclavos, lo que sí se observa cuando se dibuja la misma escena en un tamaño mayor, que permite observer incluso el detalle de sus faldas.

Figura 8: Extração de Diamantes, Carlos Julião, c. 1776 

English - Figure 8

Carlos Julião depicts the various operations involved in the exploitation of a borehole, a type of underground mining, which penetrates the mountain, following the vein of gold or diamonds, also called a gallery mine. Very unstable, the entrance to the borehole is propped up with wood.  Some slaves break and others grind stones. In the middle of the scene, one of them bends down to fill an iron coffin with them, an instrument that can be seen at the bottom of Figure 3, which was used to carry larger and heavier stones. From it, a row of slaves with their carumbés carries the smaller sediments to be washed. To the left of the scene, the author reproduces, in a smaller size, the same image of slaves breaking stones that appears in Figure 4. From a distance, under very similar uniforms, it is impossible to distinguish the gender of these slaves, which is not observed when the same scene is drawn in a larger size, which allows detailing their skirts.

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Figura 9: Modo como se extrai o ouro no Rio das Velhas e nas mais partes que à Rios, c.1780 

Portuguese - Figura 9

A aquarela datada da década de 1780, intitulada Modo como se extrai o ouro no Rio das Velhas e nas mais partes que à Rios, de autor anônimo (Figura 9), tem como  objetivo  representar  a  técnica  da  roda  na  mineração  do  ouro.  À esquerda  da  imagem,  observa-se  uma  fila  de  escravos  que  se  revezam  para carregar,  em  seus  carumbés,  o  sedimento  retirado  do  leito  do  rio  que, utilizando a parte da água drenada pelo bicame, será posteriormente lavado para dele se extrair o ouro. Entre os cativos encontram-se várias mulheres, mas, nesse caso, os homens também estão empregados nessa mesma tarefa.

Todos apresentam o torso nu, o que contrasta  com o feitor, posicionado na extrema esquerda da cena, que veste uma camisa, porta seu chicote e tem seu cachorro  repousando  a  seus  pés.  As  mulheres  vestem  saias  e  os  homens calções coloridos, de tecido de algodão grosseiro, o chamado “pano da costa”, tecido  rústico  que  passou  a  ser  fabricado  manualmente  em  Minas  Gerais, conforme a tradição africana trazida pelas cativas.

Español – Figura 9

La acuarela fechada en la década de 1780, titulada Modo como se extrae el oro en el Río de las Velhas y en las partes más alejadas de los Ríos, de autor anónimo (Figura 9), pretende representar la técnica de la rueda en la extracción del oro.  A la izquierda de la imagen, se puede ver una fila de esclavos que se turnan para llevar, en sus carumbés, el sedimento extraído del lecho del río que, aprovechando la parte del agua drenada por el bicampeón, será posteriormente lavado para extraer el oro. Entre los cautivos hay varias mujeres, pero en este caso, los hombres también se emplean en esta misma tarea.

Todos están con el torso desunido, que constrasta con el que se encuentra con una camisa, a la izquierda de la escana y tiene un chitoe y un perro a sus pies. Las mujeres llevan faldas y los hombres pantalones cortos de colores, hechos de tela de algodón grueso, el llamado "pano de la costa", una tela rústica que empezó a hacerse a mano en Minas Gerais, según la tradición africana traída por los cautivos.

English - Figure 9

The watercolor dated 1780s, entitled Modo como se extracti o ouro no Rio das Velhas e nas mais partes que à Rios, by anonymous author (Figure 9), aims to represent the wheel technique in gold mining.  On the left of the image, one can see a row of slaves that take turns to carry, in their carumbés, the sediment taken from the riverbed that, using the part of the water drained by the bicam, will be later washed to extract the gold. Among the captives there are several women, but in this case, the men are also employed in this same task.

All of them have naked torsoes, which contrasts with the steward, positioned left of the scene, who wears a shirt, carries his whip and has his dog resting at his feet. The women wear skirts and the men colourful shorts, made of coarse cotton, the so-called "pano da costa", a rustic fabric that started to be handmade in Minas Gerais, according to the African tradition brought by the captives.

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 Portuguese - Figura 10

Aquarela Lavagem do mineral ouro perto  da  montanha  do  Itacolomi, bastante conhecida, é de autoria do prussiano Johann Moritz Rugendas, que viajou pelo Brasil entre 1821 e 1825, inicialmente integrando a expedição russa,  organizada  e  chefiada  pelo  barão  Georg  Heinrich  von  Langsdorff. 

Luís Gomes Ferreira descreve o modo como trabalhavam os escravos da mineração:

“…outros pelo comprimento em estradas subterrâneas muitos mais, que muitas vezes chegam a  seiscentos  e  a  setecentos;  lá  trabalham,  lá  comem  e  lá dormem muitas vezes…”.

No fundo à esquerda, escravos (ou escravas?) imersos na água retiram sedimentos  do  aluvião  do  rio,  que  depois  será  bateado  para separar o ouro da terra. À direita, à meia altura do morro, observa-se um furo, e, abaixo dele, escravos homens quebram algumas pedras de médio porte que foram retiradas do seu  interior,  enquanto  exploravam  o  veio.  Ao lado, observa-se uma queda d’água, que é canalizada para uma canoa, aberta na parte plana do terreno, onde  escravos  prospectam  ouro,  ou  por  meio  de bateias para retirar as pepitas maiores, ou mergulhando um couro de boi. À direita, dois escravos batem um desses couros, que há pouco estava na canoa, para dele retirar as pedras muito  diminutas  e  o  ouro  em  pó,  técnica empregada  no  Quiteve.  Todas as escravas retratadas estão realizando  a mesma tarefa e carregam nas suas cabeças seus carumbés, transportando os sedimentos das áreas de extração (rio e furo) para a canoa onde será lavado.

Como em outras imagens analisadas, seu papel se restringe a um serviço mais leve e que, nesse caso, não exige habilidades específicas. Todas usam vestidos de algodão grosso, o pano da costa, que ocultam os seios; enquanto os homens vestem apenas calções, o que dificulta os extravios e facilita a vigilância dos feitores.

Figura 10.  Lavagem do mineral ouro perto da montanha do Itacolomi, Johann Moritz Rugendas, c. 1821-1825 

Español - Figura 10

La Acuarela Lavado de minerales de oro cerca de la montaña Itacolomi, es bien conocida.  Su autor es el prusiano Johann Moritz Rugendas, que viajó por Brasil entre 1821 y 1825, integrando inicialmente la expedición rusa, organizada y encabezada por el barón Georg Heinrich von Langsdorff. 

Luís Gomes Ferreira describe que “otros por la longitud en los caminos subterráneos, que son a menudo hasta seiscientos y setecientos trabajan allí, comen y a menudo duermen allí”.

 En el fondo, en la parte inferior izquierda, esclavos (¿o esclavas?) sumergidos en el el agua extraen los sedimentos del aluvión del río, que luego serán batidos para separar el oro de la tierra. A la derecha, a media altura de la colina, se observa un agujero, y debajo de él, unos esclavos rompen unas piedras de tamaño medio que fueron extraídas de su interior mientras exploraban la veta.  A un lado, se observa una cascada, que se canaliza en una canoa, abierta en la parte plana del terreno, donde los esclavos buscan oro, ya sea por medio de bateas para sacar las pepitas más grandes, o sumergiendo una piel de buey. A la 

derecha, dos esclavos golpean una de estas pieles, que acababa de estar en la canoa, para extraer de ella las diminutas piedras y el polvo de oro, técnica empleada en Quiteve.  Todas las esclavas retratadas realizan la misma tarea y llevan en la cabeza sus carumbés, transportando los sedimentos desde las zonas de extracción (río y pozo) hasta la canoa donde serán lavados.

Como en otras imágenes analizadas, su papel se limita a un servicio más ligero que, en este caso, no requiere habilidades específicas. Todas llevan gruesos vestidos de algodón, la tela de la costa, que ocultan sus pechos; mientras que los hombres sólo llevan pantalones cortos, lo que dificulta el extravío y facilita la vigilancia de los capataces.

English - Figure 10

Watercolor Gold mineral washing near Itacolomi mountain, well known, is by the Prussian Johann Moritz Rugendas, who travelled through Brazil between 1821 and 1825, initially integrating the Russian expedition, organized and headed by the baron Georg Heinrich von Langsdorff. 

Luís  Gomes  Ferreira described that “other miners by the length in underground roads, which are often as many as six hundred and seven hundred; there they work, there they eat and there they often sleep there”. At the bottom left, slaves (or slaves?) immersed in the water remove sediments from the river alluvium, which will then be beaten to separate the gold from the earth. On the right, at mid-height of the hill, a borehole can be seen, and below it, male slaves break some medium-sized stones that were removed from its interior while exploring the vein.  To the side, a waterfall is observed, which is channeled into a canoe, opened on the flat part of the land, where slaves prospect for gold, either by means of bateas to remove the larger nuggets, or by dipping an ox hide. On the right, two slaves beat one of these hides, which had just been in the canoe, to remove very small stones and gold dust, a technique employed in Quiteve.  All the female slaves portrayed are performing the same task and carry on their heads their carumbés, transporting the sediments from the extraction areas (river and borehole) to the canoe where it will be washed.

As in other images analyzed, their role is restricted to a lighter service that, in this case, does not require specific skills. They all wear thick cotton dresses, the coastal cloth, which hide their breasts, while the men wear only shorts, which makes it difficult to stray and facilitates the surveillance of the overseers.

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Portuguese - Figura 12

A aquarela Scene at the Washing House of Congo Soco gold mine in Brasil, de autoria do inglês Richard Skerret Hickson, produzida na década de 1830. Nela é retratada a casa de lavagem da famosa mina subterrânea de ouro de Congo Soco, em atividade na capitania desde o século anterior e, “de todas essas minas, a mais importante”. Enquanto os sedimentos mais pobres, onde era mais difícil de apurar o ouro, eram lavados, empregando couros e flanelas, nas canoas de origem africana, os mais ricos eram levados “ao lavadouro para serem submetidos a um último tratamento na bateia”.

A cena ilustra a Casa de Lavagem, onde esse processo está sendo levado a cabo por cinco mulheres negras  escravas,  que  se  revezam,  nas  três  mesas  de  lavagem,  em  batear  o cascalho retirado da mina. Como esperado, os escravos homens se ocupam do trabalho pesado, como o carregamento do caixão, contendo o ouro por elas apurado.   

Figura 12: Scene at the Washing House of Congo Soco gold mine in Brasil, Richard Skerret Hickson, c. 1830-1840

Español - Figura 12

La acuarela Escena en el lavadero de la mina de oro de Congo Soco, en Brasil, del inglés Richard Skerret Hickson, fue realizada en la década de 1830. Representa el lavadero de la famosa mina de oro subterránea Congo Soco, activa en la capitanía desde el siglo anterior y, "de todas estas minas, la más importante". Mientras que los sedimentos más pobres, en los que era más difícil obtener el oro, se lavaban, utilizando pieles y franelas, en canoas de origen africano, los más ricos eran llevados "al lavadero para ser sometidos a un tratamiento final en la batea".

La escena ilustra el lavadero, donde este proceso es llevado a cabo por cinco esclavas negras, que se turnan, en las tres mesas de lavado, para golpear la grava extraída de la mina. Como era de esperar, los esclavos varones se encargan del trabajo pesado, como la carga del cajón, que contiene el oro refinado por ellos.    

English - Figure 12

The watercolour Scene at the Washing House of Congo Soco gold mine in Brazil, by Englishman Richard Skerret Hickson, was produced in the 1830s. It depicts the washing house of the famous Congo Soco underground gold mine, active in the captaincy since the previous century and, "of all these mines, the most important". While the poorer sediments, where it was more difficult to determine the gold, were washed, using hides and flannels, in canoes of African origin, the richer ones were taken "to the washing-house to be submitted to a final treatment in the bateia".

The scene illustrates the Washing House, where this process is being carried out by five black slave women, who take turns, at the three washing tables, in pounding the gravel taken from the mine. As expected, the male slaves take care of the heavy work, such as the loading of the coffin, containing the gold they have refined.   




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